30 outubro 2005

Final Fantasy - A realidade em xeque II

Finalizando


Todas essas contradições do encantamento tecnológico nos remetem a outras questões ainda mais profundas. Estamos realmente buscando a perfeição? Nesse aspecto, Final Fantasy parece discordar. Foram anos de trabalho em cima das texturas da pele de cada personagem, a fim de recriar até mesmo as imperfeições humanas mais discretas. Ao que parece, demonstrar imperfeições dá mais credibilidade do que pasteurizar. Cabe perguntar como serão reproduzidos os corpos nus das futuras modelos 3D: perfeitas, como supostamente sonha o homem, ou imperfeitas para estarem mais próximas da realidade?


Na época do lançamento de Final Fantasy, o alarde – ao contrário das bilheterias – foi tão grande que alguns críticos se abstiveram de análises cinematográficas mais puritanas, optando exclusivamente por um encantamento tecnológico. A idéia do fantástico pelo fantástico parece estar mesmo em alta, abrindo de vez caminho para o cinema do áudio-visual imediatista ao pé da letra. Ao que tudo indica, as tentativas de alguns diretores, como Robert Zemeckis (Uma Cilada para Roger Rabbit, Forrest Gump e Contato), de não serem reféns dos avanços tecnológicos foram solenemente ultrapassadas e esquecidas. Resta saber até quando essa perplexidade oca irá alimentar, mesmo que em alguns casos precariamente, a indústria dos multiplex e blockbusters.


E se um dia o cinema for somente feito em animação de terceira dimensão? James Woods (um dos atores que dubla o filme) desconversa: “Isso de atores virtuais tomarem nosso lugar é besteira. Mas pelo que Sakaguchi me pagou eu não me importaria de passar o resto da vida fazendo vozes de personagens virtuais”. De qualquer forma, mesmo que o longa não filme atores e locações reais, ainda não é possível excluir muito do trabalho humano. Foram necessários vários técnicos para conseguir organizar uma estação gráfica capaz de renderizar as sofisticadas técnicas digitais. Vários artistas 3D foram contratados para modelar todos os cenários e personagens, e mais tantos para desenharem manualmente o abrir e fechar das bocas de cada personagem. Houve ainda uma outra equipe, responsável por criar todos os efeitos sonoros, e uma outra destinada a captar os movimentos de pessoas reais para então inserir em cada personagem. Fora todos os atores contratados para dublarem cada um dos personagens. Tudo isso reforça que ainda não é possível fugir de índices reais para realizar produtos virtuais. Somando a tudo isso o generoso orçamento, não fica difícil concluir que Final Fantasy não foi um projeto simples, e que jamais excluiu o papel do ser humano. Cabe apenas lembrar que o início de praticamente toda tecnologia é marcado por um custo e trabalho extremamente maiores. Mas, pelo menos ao que parece, por mais otimizados que estejam esses recursos, um filme não será gerado unicamente pela vontade de uma máquina, como tantos tentam sugerir. De qualquer forma, mesmo com esse futuro incerto, algo está bem claro com todo esse frenético avanço tecnológico: a realidade está em xeque.

Fim

29 outubro 2005

Um pouco de filosofia de boteco por aqui.

Final Fantasy - A realidade em xeque




No final da década de 90, alguns sindicatos de Hollywood fizeram greves para reivindicar melhores condições e participações em filmes. No intuito de abrir mão do material humano, um grupo de produtores resolveu investir em um ambicioso projeto de animação em terceira dimensão, sem a necessidade de filmar qualquer humano, porém representando-o, e de forma extremamente realista. Foi quando surgiu o filme Final Fantasy.


Com cerca de quatro anos de produção, que totalizaram o gordo orçamento de 137 milhões de dólares, o longa de Hironobu Sakaguchi e Motonori Sakakibara é indubitavelmente um marco na história do cinema, mesmo com uma premissa e roteiro pra lá de questionáveis. Ele traz para as telas o supra-sumo do avanço tecnológico em matéria de animação gerada em computador, e, pela primeira vez, uma tentativa assumida de reproduzir humanos como eles realmente são. Ao contrário de Toy Story ou Shrek, que fazem excelentes caricaturas humanas, Final Fantasy opta por exibir humanos animados da maneira mais próxima da realidade.


Sabendo disso, não fica difícil perceber que o filme utiliza imagens de terceira geração, e que elas são análogas à nossa realidade concreta. A idéia de não utilizar um referencial real direto, mas sim tentar gerar imagens que simulem a realidade, acaba por abrir caminho para algumas questões extremamente pertinentes. Como exatamente é feito o universo tridimensional do filme? Será que um dia o cinema será feito apenas no universo da terceira dimensão? Até quando será possível distinguir a realidade do virtual? Os novos recursos trazidos pela animação devem apenas tentar reproduzir a realidade, ou tentar também gerar novos conceitos, antes inconcebíveis? Esses recursos não estariam substituindo a criatividade, e sendo o fantástico apenas pelo fantástico?


A começar por sua origem, Final Fantasy já tem algo de peculiar. Adaptado dos videogames, o filme parece mesmo querer se misturar entre o universo digital e o cinematográfico. Mas até que ponto o espectador terá consciência de que está assistindo a um imenso aglomerado de “zeros” e “uns” renderizados em modernas estações gráficas, em vez de atores reais, fotografados da maneira convencional? Em algumas cenas essas distinção não parece muito nítida, demonstrando que não estamos tão longe de reproduzir apenas com algoritmos a realidade. Mesmo em filmes onde encontramos um referencial real, há um crescente uso de técnicas digitais para baratear ou viabilizar determinados roteiros. E muitas vezes não é possível distinguir o que é realmente filmado e o que é gerado nos softwares 3D, como o Maya, por exemplo. É o caso de Capitão Sky e o Mundo de Amanhã, que mistura atores reais com cenários inteiramente criados em computador, muitas vezes confundindo o espectador com o que é real ou digital. Essa idéia, por vezes, pode ser assustadora para alguns. Será que um dia iremos nos excitar com polígonos? Basta lembrar que a personagem Aki Ross do filme curiosamente foi eleita uma das cem mulheres mais sexy do ano, e já teve até a oportunidade de realizar ensaios fotográficos para algumas revistas reais. O filme Clube da Luta, por exemplo, numa espécie de parênteses, quase levou essa idéia realmente a sério, gerando uma cena de sexo que não parece deixar muitas pistas de que foi toda feita em computador. Mas não tão longe, temos o caso das populares revistas masculinas, que retocam cada vez mais (e em uma crescente perda de pudor) as imperfeições das modelos fotografadas. Não é à toa que os fotologs de pessoas comuns e reais têm um sucesso cada vez maior.

Continua...

26 outubro 2005

Fundo de Apoio à Cultura

Quem trabalha ou deseja trabalhar com cultura, sabe/saibam que não é fácil. Tudo custa dinheiro, dinheiro ninguém tem e quem tem não quer dar.

Então pra quem mora no RS, vale a leitura abaixo.

Tchê, estamos em uma grande mobilização para que o FINANCIAMENTO à Cultura em nosso estado dê um passo larguíssimo, que é a REAL implementação do FAC (Fundo de Apoio à Cultura), que virá para viabilizar financeiramente boa parte dos projetos do nosso estado (aqueles de menor valor e que sofrem para captar via LIC).

E estamos bem próximos de alcançar isso. Então, leia abaixo, responda com a sua adesão para aptcrs@yahoo.com.br e compareça segunda no Santander.

Abraços, Gustavo Spolidoro


Prezados Realizadores Culturais e Simpatizantes:

Foi encaminhada na quinta-feira, 20 de outubro de 2005, pela APTC/RS (Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do RS) e pelo SIAV/RS (Sindicato da Indústria Audiovisual do RS), na Assembléia Legislativa, uma Emenda Popular ao Orçamento do Estado para 2006 alocando R$ 950mil para o FAC - Fundo de Apoio à Cultura.

O FAC foi criado pela lei 11.706 de dezembro de 2001 e regulamentada pelo decreto 41.550 de abril de 2002, mas nunca entrou em funcionamento.

Estamos começando uma batalha para que ele seja implementado a partir do próximo ano e que sirva de alternativa para os produtores culturais com projetos que não se enquadram no perfil da LIC.

O fundo terá recursos orçamentários do Estado e deverá beneficiar projetos selecionados pelo Conselho Estadual de Cultura que não tenham a visibilidade comercial capaz de atrair patrocinadores via leis de incentivo.

Esse valor de R$ 950 mil ainda é bastante baixo, considerando o universo de projetos de todo o Estado que não tem conseguido encontrar na LIC sua fonte de financiamento.
Entendemos, no entanto, que esse será um primeiro passo para que avancemos na implantação de um fundo que possa beneficiar projetos pelo seu mérito artístico-cultural e não só pelo interesse de patrocinadores.

Para que essa emenda popular avance, precisamos do respaldo das entidades do meio cultural e dos realizadores interessados no assunto. Precisamos que a sociedade se mobilize, apóie a idéia e nos ajude a convencer os deputados da importância da aprovação da emenda.

Nesse sentido, estamos organizando:

1. um documento assinado por todas as entidades, artistas e produtores culturais em favor da emenda;

2. uma reunião para organização da mobilização - agendada para a próxima segunda-feira (dia 31/10/2005) no Restaurante Moeda do Santander Cultural (que não estará funcionando, mas abrirá suas portas especialmente para receber nossa reunião), às 19h;

3. o boca-a-boca para que consigamos a maior divulgação possível da idéia.

Vamos concentrar as manifestações de apoio à emenda no endereço aptcrs@yahoo.com.br. Mande a sua como pessoa física (é interessante incluir uma informação sintética de sua atuação, p. ex. fulano de tal - cenógrafo, sicrano - jornalista, beltrano - escritor) e de sua entidade desde já para ser incluída no documento.

Contamos com o apoio de todos!

Repasse essa mensagem, mande sua manifestação de apoio, compareça na reunião de mobilização no dia 31.

Podemos estar mudando os rumos do financiamento público de projetos no Estado e servindo de modelo ao País!

Abraços,
Marta Machado APTC/RS - Presidente
Beto Rodrigues SIAV/RS - Presidente


É isso aí! Cada um fazendo sua parte, senão ninguém sai da merda.

25 outubro 2005

Think Big

Anunciado o primeiro cinema IMAX do Brasil
A IMAX Corporation anunciou a instalação da sala em Curitiba


Clique na manchete para conferir a notícia, no Omelete.

Depois que cada um tiver um IMAX em sua cidade, será obrigatório assistir os grandes filmes lá, sem desculpas. Experiência cinematográfica em primeiro lugar e não me venham com churumelas.

Guevara herói? Nem pensar!

Acabei de ficar sabendo que há um filme sobre Che Guevara em pré-produção!
Sinto uma mãozinha do Fidel Castro aí!

De qualquer forma, o filme parece-me ser panfletagem. Dúvidam? Vejam a tagline: "An epic about Argentine revolutionary Che Guevara, who fought for the people" ... for the people? Só pode ser brincadeira de mal gosto! Mas vamos esperar.

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Assisti ao "The Constant Gardner". Não vou escrever nada sobre o filme ainda, pois a prudência exige que eu pense nele por mais algum tempo, mas posso dizer que, por enquanto, acho o filme uma maravilhosa demostração do mal no mundo e que a política, nele, é apenas um assunto secundário.

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Assiste, também, ao Leo. Um filme muito interessante sobre culpa, e como ela nos destrói. O filme tem méritos por ter uma narrativa surpreendente. Recomendo.

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À partir de hoje vou deixar os comentários abertos, como experiência, mas acho que eles só vão ganhar poeira :-)

24 outubro 2005

Apoio Cultural

Weinstein´s raise coin for company
Irmãos recebem U$ 490 milhões de investidores


E eu aqui pedindo 30 mil reais pro FUMPROARTE (Fundo Municipal de Apoio à Cultura de Porto Alegre, liderado por velhos sem sucesso do mercado audiovisual gaúcho) pra fazer um curta.

É a vida.

20 outubro 2005

Morbido? Nem pensar! Engraçado...

Alguêm aí já se perguntou quantas vezes um ator, ou atriz, interpretou uma personagem que morreu, ou como ele morreu? Se sim, seus problemas acabaram graças ao Cinemorgue.

Dêem uma passeada por lá; apenas, antes, dois avisos:
  1. O site é todo um big spoiler, já que conta como o personagem morreu e quem o matou, portanto, use com moderação;
  2. Há, na verdade, dois sites o de atores e o de atrizes.
Divirtam-se, pois eu estou adorando! Aliás, quem não lembra dessa morte aqui?!? Marcou minha infãncia.

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Relação entre o primeiro Batman, aquele de Tim Burton - um dia vou escrever sobre Burton -, e o Begins de Nolan, por Steven D. Greydanus (grifo meu):
Even so, I’m glad that Christopher Nolan chose to ignore Batman and its sequels in Batman Begins, a film that at last “gets” the soul of the Dark Knight. Indeed, there’s a real sense in which Batman truly does begin with Nolan’s film, and that it is not merely the best Batman film to date, but the only one.
Couldn't agree more... leiam o resto aqui.

Abraços...e no dia 23 vote NÃO!

Se quiserem o texto traduzido, peçam-me; ando de muito bom humor...

18 outubro 2005

Mar Adentro

Mar Adentro é a história de Rámon Sampedro, um homem tetraplégico, que lutou durante anos pelo direito de se matar. O filme tem uma fotografia belíssima e atuações muito interessantes, então, por que é tão ruim?

Simples: é um panfleto.

Não sei até que ponto Sampedro foi assim na vida real, mas o espírito que ele demostra ao longo do filme – uma atuação perfeita de Javier Bardem – não é compatível com o de um homem que deseja tirar sua própria vida, já que ele é mostrado como alguém espirituoso, com uma certa paixão pela vida.

Porém, há uma cena em que pode se encontrar a resposta para este paradoxo: ao descobrir que alguém muito próximo a ele preferiu a vida e não a morte, ele se pergunta por qual motivo não consegue ser assim; ora pois, porque ele é nihilista. Não consegue ver nada além da pena que sente por si mesmo.

O estilo panfletário é mostrado, ao longo do filme, que, no início, tenta esconder isso, na fato de que todas as pessoas contrárias a Sampedro são mostradas como ou patéticas, ou arrogantes, ou – pasmem – egoístas. Há, ainda, o fato de ele ter manipulado uma mulher sensível e deprimida.

A questão da eutanásia é complicada e, por isso, um filme que pretendesse discutí-la deveria possuir mais perguntas e menos respostas sendo, assim, justo com o telespectador e respeitoso com a inteligência desse.

Portanto, um panfleto ruim e, sinceramente, de mal gosto.

Cada vez mais me convenço, lendo as críticas positivas e todos os prêmios que esse filme ganhou, de que as pessoas adbicam de seu senso crítico, inclusive as que vivem dele, pela satisfação de escutar aquilo que querem ouvir: pura fraqueza de caráter.

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Há os que me perguntam por qual motivo não libero a caixa de comentários; pois bem, não o faço, porque penso que as pessoas que têm comentários sérios para fazer não se importariam de escrever um e-mail; simples assim.

Zack Snyder é o cara!

Este é o diretor da refilmagem do filme "Dawn of the Dead" (Madrugada dos Mortos). Fiquem de olho, esse cara promete! Olhem a página dele no IMDb e confiram os próximos projetos da figura!

Dá-lhe Zack Snyder!

16 outubro 2005

De Olho: The Constant Gardener

Chegou aos cinemas brasileiros nesta última sexta-feira, dia 14, o filme internacional do diretor Fernando Meirelles. Todo mundo tá elogiando e o filme foi relativamente bem no box office americano. Durante a produção do filme ele escreveu um diário para o Cinema em Cena sobre como foi a vida dele durante o processo. É uma ótima leitura. Clique aqui para ver o índice do diário.

Se o filme é tão bom quanto dizem e tem o apelo do Oscar, podemos esperar algumas indicações. E agora o Meirelles tá feito. Lançando o filme pela Focus Features (a produtora "artística" da Universal), o cara entra na indústria americana numa bandeja de prata. Vindo de Cidade de Deus, o ultra-pop-action-thriller-com-pano-de-fundo-social, e agora com O Jardineiro Fiel, o ultra-pop-action-thriller-com-ãhn-...-pano-de-fundo-social, ele vai arrebentar. Mais do que seus filmes, ele vai passar a ser vendido também.

Aliás, já está. Reparem no que está escrito no poster (tanto no internacional quanto no brasileiro): O tão esperado thriller de John Le Carré e Fernando Meirelles, o diretor indicado ao Oscar por Cidade de Deus.

Enquanto fizer bons filmes, pode ser vendido de qualquer maneira que pra mim tá bom...

11 outubro 2005

Como andam as coisas na Warner?

O diretor de produção da Warner deu uma ótima entrevista ao Hollywood Reporter. Falou sobre Batman, sobre Superman, sobre os caminhos que a Warner está tomando e como está seu trabalho dentro da empresa.

Pra quem lê inglês, é uma boa pedida. Clique aqui para ver a entrevista.

Pra quem NÃO lê inglês, tem duas opções: ou espera eu ficar com um ótimo humor pra traduzir tudo, ou pode clicar aqui e tentar ler uma tradução porca do Google.

Nenhuma das duas alternativas são muito boas. Mas a vida não é fácil, mesmo. E cliquem nos links do Google!

04 outubro 2005

Sinal Verde

Project Greenlight é um reality show criado pelo trio responsável por "Gênio Indomável". Ben Affleck, Matt Damon e o produtor Chris Moore. No programa eles selecionam o roteiro de um escritor iniciante e para comandar a produção escolhem um diretor estreante. É um reality show, então, obviamente, eles filmam tudo. Desde a seleção, passando por reuniões de pré-produção, até a filmagem e a pós. O programa tem parceria com a Miramax, que banca o filme com 1 milhão de dólares. Bem... é Hollywood, certo? Então, pra começar, os produtores mandam em tudo. Tudo.

É sempre muito bom ver o diretor brigando para manter sua visão e lutando para botar um ponto final nas revisões de roteiro. Porém, essas "brigas" (que as vezes se transformam em brigas, sem aspas) podem ser muito constrangedoras quando um diretor iniciante tenta enfrentar um produtor experiente. E nem vamos falar sobre os executivos da Miramax que tomam todas as decisões do escritório. O legal do Project Greenlight é que ele entra na produção. Ele mostra a interferência dos produtores e dos executivos do estúdio, as discussões, demissões, os conflitos, etc. E o programa não se intimida quando precisa mostrar os produtores como os vilões da história, o que eles, não raro, realmente são.

Da primeira e segunda temporadas a impressão que me ficou sobre o produtor Chris Moore foi a pior possível. Nunca vou me esquecer de uma vez, durante a filmagem de "The Battle of Shaker Heights" (segunda temporada), em que ele está parado atrás do monitor, opinando sobre a atuação da atriz. Na verdade, opinando é muito leve. Ele está fazendo observações e impondo-as. E outra, durante a pós-produção deste mesmo filme, em que ele fala para a dupla de diretores: "Agora, vocês só tem que se preocupar com a vontade do estúdio". Porém, durante a terceira temporada (a mais recente até o momento) ele parece um cara bem sensato (ainda que tenha ficado do lado do estúdio na decisão do roteiro).

Atualmente o terceiro filme produzido (agora pela Dimension Films, braço da Miramax) está em pós-produção. A seleção desta terceira temporada do Project Greenlight foi bem clara desde o início: já que os dois primeiros filmes não foram bons, agora vamos fazer um filme de gênero. O raciocínio dos caras é simples: A Miramax estava dando 1 milhão de dólares pra eles e nenhum dos dois primeiros filmes lucrou um centavo. Para não correr o risco de perder o patrocínio da Miramax, eles estão apostando em um filme comercial, com o intuito de fazer dinheiro e agradar um poucos os executivos. O gênero escolhido foi o terror. O nome é "Feast" e é um filme de monstro. Wes Craven participou da seleção dessa terceira temporada, mas, apesar de ter permanecido neutro, não concordou com a escolha do roteiro.

Project Greenlight é uma ótima série onde podemos acompanhar de perto uma produção Hollywoodiana. As duas primeiras temporadas passaram na HBO Brasil, já que passava na HBO lá dos EUA. Infelizmente a terceira temporada foi para o Canal BRAVO, ou seja, nada de PG para nós brasileiros. E-Mule quem?

Pra fechar, quero dizer que virei fã do Matt Damon depois de assistí-lo na série. O cara realmente faz cinema por paixão e é incrível vê-lo discutindo com os executivos da Miramax e da Dimension quando os caras queriam escolher o roteiro que ia fazer mais grana. Infelizmente, como sempre, o estúdio falou mais alto.

Site oficial do Project Greenlight

Revisado em 6/10/2005 01:55