18 outubro 2005

Mar Adentro

Mar Adentro é a história de Rámon Sampedro, um homem tetraplégico, que lutou durante anos pelo direito de se matar. O filme tem uma fotografia belíssima e atuações muito interessantes, então, por que é tão ruim?

Simples: é um panfleto.

Não sei até que ponto Sampedro foi assim na vida real, mas o espírito que ele demostra ao longo do filme – uma atuação perfeita de Javier Bardem – não é compatível com o de um homem que deseja tirar sua própria vida, já que ele é mostrado como alguém espirituoso, com uma certa paixão pela vida.

Porém, há uma cena em que pode se encontrar a resposta para este paradoxo: ao descobrir que alguém muito próximo a ele preferiu a vida e não a morte, ele se pergunta por qual motivo não consegue ser assim; ora pois, porque ele é nihilista. Não consegue ver nada além da pena que sente por si mesmo.

O estilo panfletário é mostrado, ao longo do filme, que, no início, tenta esconder isso, na fato de que todas as pessoas contrárias a Sampedro são mostradas como ou patéticas, ou arrogantes, ou – pasmem – egoístas. Há, ainda, o fato de ele ter manipulado uma mulher sensível e deprimida.

A questão da eutanásia é complicada e, por isso, um filme que pretendesse discutí-la deveria possuir mais perguntas e menos respostas sendo, assim, justo com o telespectador e respeitoso com a inteligência desse.

Portanto, um panfleto ruim e, sinceramente, de mal gosto.

Cada vez mais me convenço, lendo as críticas positivas e todos os prêmios que esse filme ganhou, de que as pessoas adbicam de seu senso crítico, inclusive as que vivem dele, pela satisfação de escutar aquilo que querem ouvir: pura fraqueza de caráter.

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Há os que me perguntam por qual motivo não libero a caixa de comentários; pois bem, não o faço, porque penso que as pessoas que têm comentários sérios para fazer não se importariam de escrever um e-mail; simples assim.